Lorelai

Música: "You&Me", Lifehouse


Não é que ande a chorar pelos cantos, não é que esteja infeliz sequer. Não me afecta enlouquecidamente, não passo os dias a pensar nisso. Mas não posso impedir uma frustração, alguma tristeza, uma raiva por mim mesma - repentes de vontade de chorar quando penso no que foi... e já não é.

Dei-te tudo. Dei-te o que de melhor eu sou, do que de melhor sei ser. Nunca, nunca tinha gostado tanto de alguém ao ponto de fazer determinadas coisas, de perder horas de sono, de sentir um mal-estar porque pressinto que algo não está bem, de me preocupar demasiado por tu te magoares. Nunca.

Dediquei tanta força, tanto empenho, tantas lágrimas a um sorriso breve, a uma piada solta, a um toque fugidio. Perdi-me, perdi-me por demasiado tempo nesse mundo que é só teu e - sei-o agora - continuará a sê-lo por muito tempo. Perdi o meu próprio mundo secreto por já não saber viver sem o teu mundo secreto. Nada tinha metade do gozo se tu não estivesses perto, tudo perdia a lógica se tu não estavas bem, se eu não estava bem contigo.

Entristece-me que dei tanto a alguém que foi tudo para mim, quando descubro afinal que eu nada fui para ti.

Nunca tinha sequer considerado fazer parvoeiras como as que fiz com mais ninguém. Mas a forma como gostava de ti levou-me a fazer o que nunca achara possível ver-me a fazer: ficar completamente parvinha e perder a Razão por estar perdidamente apaixonada...

E o que senti, ou sinto ainda, quando penso em ti, é simples: a minha razão de viver naquela altura, sufoca-me hoje em dia. Não parece real estas "duas vidas" que vivi e vivo terem um qualquer ponto de união. Talvez fosse eu esse ponto de união; mas já nem sei bem quem sou. Deixei que tu, o que eu sentia por ti, me definisse ao longo desses momentaneamente longos e fugazes meses. Não sei que fazer, já nada me parece muito interessante, já nada tem realmente o mesmo brilho.

Não posso simplesmente apagar-te, tirar-te de mim...?

...

A minha essência é esta - e não é triste que resuma isso a ti apenas...? Não posso, nem quero, mas foi o que aconteceu. Envolvi-me demasiado, quis demasiado. E a queda foi gigantesca...

E eu acreditava mesmo, estupidamente, num cantinho de mim, que aquele alguém especial eras tu. E acreditas que acho que alguma célula de mim ainda hoje acredita nisso...?


Maldito o dia em que te falei.





"All of those moments that already passed, we'll try to go back and make them last..."
Lorelai


Música: "Lullaby", Shawn Mullins


O amor. Existe, não existe? Invenção dos poetas, sentimento real e inerente ao ser humano apenas? E inerente a todos os seres humanos, ou apenas a algumas raridades? E será amor o que se sente quando, por exemplo, se casa com alguém? Ou é uma simples atracção física? Talvez uma sensação de conforto quando se está junto a essa pessoa; ou será a conta bancária, o desejo de ter filhos? O amor… Isso existe?

Como diz o amigo de Joan do filme “Playing By Heart – Entre Estranhos e Amantes" (um dos meus filmes preferidos de todos os tempos), com uma grande interpretação da Angelina Jolie: “Definitely, most definitely: talkin’ about love is like dancing about architecture." Será, realmente, um disparate tão grande, falar sobre o amor? Eu não sei. Mas concordo com a Joan: “I don’t know; maybe he’s right. But that ain’t gonna stop me from trying!"

Quantas vezes não ouvimos dizer “Os homens são todos iguais!"? E também muitos representantes do sexo masculino consideram que “as mulheres são todas iguais". Não acham que esse é o maior disparate do Mundo? Se rapazes e raparigas são tão diferentes – e são… muito mesmo – o mesmo acontece dentro de cada género; há miúdas que são um pesadelo… mas nem todas são assim tão más. E, sim, definitivamente, há tantos putos que não merecem a pena… mas ainda acredito que, algures, há rapazes que crescem também no interior, e merecem o trabalho de nos darmos conta da sua existência. Não podemos cair na falácia da generalização precipitada; talvez a amostra tenha sido insuficiente ou mesmo irrelevante…

Adolescência. Tempo difícil, não é? E não será que também é um tempo em que não podemos julgar tão radicalmente o Mundo? Ainda temos tanto para viver… E àquelas pessoas (relações amorosas ou não) que não merecem a pena, limitemo-nos a berrar-lhes: “GET OUT!!! LEAVE!". E desfrutemos depois do maravilhoso sentimento de liberdade e consciência limpa…

Mesmo assim, não sei como, não sei porquê… mas ainda tenho uma esperança no fundo do peito. Outra ilusão? Só espero bem que não.

E agora vou-me. Porque, aconteça o que acontecer, temos de ser fortes e continuar em frente; “you gotta keep on keepin’ on, you gotta hold your head high, gotta work with what you’ve got – and one day you’ll fly". Não podemos perder a esperança; porque, se a perdemos, então perdemos tudo.



[ 7 de Dezembro de 2004.




Porque não quero perder a esperança, apesar de tudo. ]