Lorelai
Música: "We Weren't Born To Follow", Bon Jovi



... hoje seria mesmo o dia para a utilizar mesmo a sério. Para amaldiçoar uma ou outra pessoa, para enfeitiçar os objectos inanimados que teimaram em me chatear a molécula, para encantar o Sol que se fugiu, para evocar momentos milagrosos. Dia mesmo muito próximo de esquizofrenia, quase-quase de claustrofobia, definitivamente à beira de um ataque de nervos e muito, mesmo muito pouco inspirado, ao ponto de já nem conhecer as palavras da minha próproa Língua. Mesmo.


[ i wish it was Sunday... but it's just another manic Monday. ]

Lorelai
Música: "Clean White Love", Lisa Mitchell


E quando olho para trás, bem lá para trás


e sou capaz de ver o longo, muito longo caminho que percorri


é que me apercebo do quanto cresci


do quanto tenho para me orgulhar

para me sentir feliz


e que sou mais eu do que nunca e que nunca,


mas nunca me senti tão bem com isso.



[ sometimes you just gotta smile. ]
Lorelai
Música: "Beautiful Soul", Jesse McCartney

São aquelas manhãs em que saío de casa às 7h e tal da manhã e não está escuro como breu, em que mesmo que o dia esteja meio enublado se ouvem os pássaros a cantar nas árvores.

São aquelas manhãs em que não me contraio com o frio polar mal ponho o nariz fora de casa e em que começo a pensar que o cachecol começa a ser definitivamente dispensável.

São aqueles dias em que na hora de almoço só apetece aproveitar uns quinze minutinhos de pausa para absorver ao máximo os primeiros raios de sol minimamente quentes, mesmo que ao aparecer uma nuvem que os faz desaparecer fique completamente congelada.

São aquelas tardes em que até que apetece levar o caminho mais longo para casa, andar um pouco mais ao ar livre, respirar fundo e permitir-me um glorioso momento de pausa a sentir o vento, seja quente ou seja frio.

São aqueles inícios de noite em que o sol só desaparece à hora de jantar e não logo às cinco da tarde, aqueles tons laranja que nos lembram insistentemente que o Verão já não está assim tão longe (se ao menos tivermos um pedacinho de perspectiva).

São aqueles fins-de-semana em que os jogos de futebol a meio/fim de tarde já não parecem ser de noite mas sim realmente de tarde, em que só apetece que chegue Maio, em que parece que o fim de campeonato e a Taça de Portugal estão já aqui.

São as árvores a ganhar flor, são as flores a ganharem vida, é a relva mais verde, é tudo com mais cor, com mais música e mais poesia.

É aquele ambiente que relembra dias mais simples, dias mais sinceros, dias mais puros, dias tão distantes mas que com este cheiro a Primavera parecem ser os dias de agora. É aquele ambiente que nos assegura que dias melhores, mas talvez não tão simples, estão bem ao virar da esquina, se ao menos acreditarmos um pouco mais.

Porque tão certo como a Primavera estar a chegar, esses dias já foram mas esses dias hão-de voltar. A pouco e pouco, algo tímida e lentamente, como ela; mas que vêm aí, com passo seguro, disso não resta dúvida.



[ bella come una mattina d'acqua cristallina, come una finestra che m'illumina il cuscino. ]

Lorelai
Música: "Imagine", John Lennon

Um dos motivos pelos quais sei que a dança é das coisas mais perfeitas e poderosas do Mundo, quando é interpretada com coração. Como o Mundo deveria ser... em formato «pas de deux».




Coreografia de Dwight Rhoden e Desmond Richardson, interpretada por Will Wingfield e Katee Shean
Lorelai
Música: "How To Save A Life", The Fray

Magnífico Reitor, Exma. Senhora Directora, Exmo. Sub-Director, Caros Professores, Caros Funcionários, Caros colegas, Caros familiares, minhas senhoras e meus senhores...

Este é o meu discurso em meu nome, em minha representação. Estas são as minhas palavras, por mim - e por mais ninguém. Isto é tudo o que gostaria de dizer quando me pediram para falar em público - mas que não faria sentido em tal cenário.

Cheguei a esta Faculdade por mero acaso. Nunca antes havia sequer ponderado entrar para esta Universidade. O meu futuro estava delineado perfeitamente por mim - e nunca, nem por um mero nano-micro-segundo, eu ponderei entrar nesta Faculdade. Mas, por um mero acaso, fui forçada a ponderá-lo e quando o fiz, algo me fez decidir que sim, aquele era o meu sítio. E então o meu plano de vida, tão cuidadosamente delineado ao longo de tantos anos, esfumou-se e foi radicalmente alterado de um momento para o outro, quase num impulso de Verão.

E ainda bem que o foi. Hoje sei que era meu destino ir para a Faculdade que fui, conhecer as pessoas que conheci, ainda que nem tudo - e nem todos - tenha sido bom. Contudo, fez de mim quem eu hoje sou. Conheci das melhores - e das piores - pessoas de sempre, vivi mais do que poderia imaginar há quatro anos atrás, fiz amizades mais valiosas que o ouro e lancei fundações mais fortes que o Homem de Aço (um que fosse resistente à kriptonite, inclusive).

Aprendi que o Universo sabe bem o que faz e que, por vezes, nos destrói todo e qualquer plano que tivessemos, só para nos levar para onde temos que ir. «O Universo sabe o que faz», dizia alguém que alterou por completo a minha visão da vida - e esse tornou-se o meu lema de vida.

Aprendi que as amizades vão e vêm, mas que aquelas verdadeiras ficam e não mais partem.

Aprendi que não raras vezes, aquelas pessoas que mais amamos são as que mais nos magoam - e são também as que nos dão as maiores lições de vida e nos dão a bagagem necessária para estarmos mais aptos para desilusões (ou nem tanto) futuras.

Aprendi que quase sempre dou demasiado de mim a quem não merecia nem metade, sem jamais receber o devido em retorno; mas aprendi também que, desde que o faça em consciência, consigo lidar com o desapontamento e crescer a partir daí.

Aprendi que sou mais forte do que pensava, que sei mais do que imaginava, que tenho o Mundo na palma da minha mão se ao menos tiver a coragem de o agarrar.

Aprendi que eu sou apenas eu, uma pessoa insignificante no meio de 6 biliões de outras, mas aprendi também que basta uma pessoa para fazer a mudança. E eu quero fazê-la, como a fiz na minha vida ao longo de 3 anos.

Acreditar sempre, sonhar sempre, ir sempre mais longe, sem chorar na adversidade mas aproveitando-a sempre como uma oportunidade de ir mais longe. Forçar as barreiras, deitá-las abaixo e seguir em frente, porque por aí é que é o caminho.

Obrigada a todos os que estiveram e ficaram comigo - e àqueles que vão ficar sempre no meu coração mesmo que não se mantenham na minha vida. E muito em especial, obrigada a todos os que me magoaram, me desiludiram, me deitaram abaixo e me fizeram duvidar de mim: só me fizeram ser mais forte, acreditar mais, crescer para lá do possível e ter a confiança suficiente para dar o maior salto de fé - acreditar em mim mesma.

(E nunca hei-de esquecer quem me ajudou e quem pude ajudar, quem ainda hoje me dá um sorriso sincero quando me vê, quem partilhou comigo inúmeros cafés do Sr. António. Nunca hei-de esquecer tantas aulas de tantos professores, tantas parvoíces que foram feitas e ditas, tantos momentos fossem de trabalho e estudo ou nem tanto. Nunca hei-de esquecer que muito começou - e muito acabou - nesta Faculdade, nestes três anos. Aí ficam, com saudade).

- L.



[ it's hard to say it - it's time to say it: goodbye, goodbye. ]