Lorelai
Música: "Smile", Lily Allen

Confiança. Nem sempre é assim tão fácil de conquistar, mas muito rapidamente se perde. Às vezes, pelo menos. O problema maior nem é tanto perder a confiança numa pessoa – que já é mau o suficiente – mas é antes perder a confiança no mundo em geral. Na vida, por assim dizer. A ideia não é muito fácil de transmitir, pelo que apelo um bocadinho à imaginação.

A vida não são só erros e desilusões. Só que quando alguém apanha desilusão atrás de desilusão e comete erros em catapulta (mesmo quando acreditava piamente não o estar a fazer), é complicado manter essa noção inicial. E aí corre o risco de embrenhar-se numa lógica mecânica de (tentativa de) auto-preservação, que um dia não será mais do que uma rotina inútil e asfixiante. Porque o ser humano, afinal, é uma criatura de hábitos – e quando nos embrenhamos demasiado neles, escapar-lhes torna-se virtualmente impossível.

Essa tendência algo passivo-maníaca chega a tomar tanto conta da vida de alguém que, mesmo quando algo de bom acontece, os efémeros picos de confiança se esvaem tão depressa quanto surgiram, não restando nada mais senão os decrépitos processos mecânicos de busca de auto-preservação. Clínico. Simples. Rotineiro. Seguro. Painless.

Trust. Either you got it, or you don’t.
2 Responses
  1. InêsGF Says:

    Tenho um amigo que diz "Prefiro acreditar nos defeitos do que nas virtudes. É mais fácil excluir as pessoas.."

    A confiança é sem dúvida uma linha muito fina e fragil que se quebra tão fácilmente como a petala de uma rosa. Já foram imensas as facadas que apanhei, mas tentei sempre k fossem mais pekenas k as minhas costas (tem-s minimo controlo sbre elas). somos seres por natureza desconfiados, e kd kebramos e damos por nós a confiar cegamente em alguém, há uma tendencia do universa p k essa seja a maior desilusão. Eventualmente, acabamos por dar a volta (depende mt da situação e d nós mesmos p akilo k chamamos de Perdão).


    Ass. Inês (Uma das tuas leitoras)


  2. André Says:

    Cara amiga,

    se me permites deixar-me-ás deixar aqui uma breve consideração sobre este assunto, treinando inclusive a minha escrita, já agora - já que o meu blogue tem mais teias de aranha do que outra coisa qualquer.

    Pegando aí na tua palavra-chave, eu julgo que a Confiança não passa de um estado de espírito. Tão-só isso.

    Isto é, eu creio que mesmo com os inevitáveis percalços com que a vida nos vai presenteando (e falo à mesma daqueles bem lixados, to say the least) é-nos possível ainda assim manter um estado de espírito confiante, não só para nós próprios (mais difícil) mas também para com os outros (mais fácil).

    Isto aqui escrito até parece fácil. Eh pá, certo. Não é. Mas acho que confiança gera confiança. Confiança gera bem-estar. A nós próprios e aos que nos rodeiam. Chega a ser intoxicante.

    A minha sugestão qual é?

    Pegar no teu último parágrafo e virá-lo do avesso. Vejamos: "Essa tendência algo passivo-maníaca chega a tomar tanto conta da vida de alguém (...)": vamos pegar na confiança como sendo antes ela a tendência passivo-maníaca, MESMO que a vida nos pregue aquelas partidas.

    A questão é: se funciona para um lado (o lado que expuseste tão bem no teu texto), por que raio não há-de funcionar para o outro?! Essa é boa...

    É fácil? Não.

    É difícil? Então não é?

    Vamos tentar? Sem dúvida!

    beijinho, amiga