Lorelai
Música: "Mama Do", Pixie Lott

Quem me conhece - e, por vezes, até quem não me conhece lá grande coisa - sabe que um dos meus maiores vícios (e com muito orgulho) é o café. Mesmo naqueles dias mais melancólicos e diria até depressivos, basta o cheiro característico do café para me animar um bocado. Estranho, eu sei. Mas a verdade é que quando não me sinto "equilibrada" (seja por estar triste ou absolutamente eufórica), o meu primeiro desejo é «um café, por favor».
Ora, o que acaba por ser verdadeiramente maravilhoso (diria mesmo que é uma daquelas harmonizações cósmicas) é que o café, afinal, não faz mal à saúde - antes pelo contrário -, especialmente às mulheres (YAY!). Estudos que duram já há mais de 30 anos não encontram justificações para a má fama que o café tem.

(Calem-se vozes que me andam diariamente a perseguir: "Mas quantos cafés já bebeste? Isso faz-te mal!!")

Entre os benefícios daquela que eu considero ser a melhor bebida do mundo, encontra-se uma considerável protecção contra certo tipo de diabetes, contra a demência (haverá algo mais apropriado para mim?), contra doenças hepáticas e até contra a doença de Parkinson. Por outro lado, não há qualquer espécie de comprovativo que ligue o café ao cancro ou a riscos cardiovasculares.

(Shiu, shiu, shiu!)

Porém, o lado mais positivo do café, a meu ver, é o seu papel primordial nas relações interpessoais. Porquê? Ao que parece, segurar num café enquanto falamos com outra pessoa pode transmitir-nos uma sensação confortável de calor que se estende ao que sentimos pelo nosso interveniente; isto é, ao termos algo quente nas nossas mãos, ficamos com a impressão de que a outra pessoa é mais afável (talvez até bem mais do que realmente é). A isto chama-se "quebrar o gelo".

E, verdade seja dita... Que existe de melhor do que conversar enquanto se bebe um café? Mesmo que o café seja mera desculpa, não é um dos meios mais comuns para nos mantermos em contacto com amigos? Partilhar lágrimas e gargalhas com uma amiga, enquanto bebo um café, continua a ser uma das minhas coisas preferidas. E parece-me que há-de sê-lo por muito, muito tempo.



[ 'You will meet an annoying woman. Give her coffee, and she'll go away.' ]
Lorelai
Música: "Jai Ho", The Pussycat Dolls

"Filha, compra pizza também, senão não temos nada em casa para o almoço". Há dias em que adoro mesmo, mesmo a minha mãe. Hoje é um desses dias.

( E quem não entender, é porque ainda não conhece os poderes curativos da dita «comida de plástico». Eu conheço e já tive a minha dose hoje. Recomenda-se. )




[ i'm lovin' it! ]
Lorelai
Sapatos, hoje, só mesmo se forem as minhas pantufas. Estou absolutamente exausta devido a uma grande falta de sono ultimamente. Portanto, o que agora quero mesmo é a minha almofada e uns quantos cobertores para me aninhar. É que é impressão minha ou este fim-de-semana a temperatura desceu a pique?

Vou dormir, quentinha; e amanhã prometo acordar com um sorriso daquele tamanho.
Lorelai
Música: "On My Own", Katie Holmes (original Les Misérables)

Um dia, houve uma pessoa - que hoje já não me diz nada - que afirmou convictamente que eu deveria seguir a carreira de actriz. Ri-me e descartei a ideia como algo de totalmente impossível. Mas, nos últimos tempos, tenho pensado bastante em como deveria ter seguido esse conselho. É que, aparentemente, tenho mesmo jeito para representar. Nem que seja no dia-a-dia da minha própria vida. «Oscar, Oscar!», aplaudiriam a minha irmã e o D. quando éramos crianças. Se eles soubessem...


[ and i'm gonna miss you like a child misses their blanket but i've got to get a move on with my life. ]
Lorelai
Música: "Build That Wall", Aimee Mann

Talvez não seja a melhor opção; mas criar um mundo próprio na nossa mente e viver constantemente nele sempre nos poderá poupar alguns dissabores.

É como se fosse uma bolha que nos protege do exterior; não se trata necessariamente de ignorar o que se passa em redor, mas sim de encarar isso sob outra perspectiva. E sabe bastante bem.

Eu costumo ir vivendo em bolhas, sempre o fiz, desde que me lembro de ser gente. Iam sendo bolhas diferentes e tomaram todas as formas e feitios que se possam imaginar. Eram ilusões de criança, eram paixonetas de adolescente, eram objectivos quase impossíveis de alcançar. As minhas bolhas que me distraíam do resto e me iam mantendo a salvo.

Até que rebentavam. E aí comecei a aperceber-me que qualquer uma dessas bolhas era falível: por maior Síndrome de Peter Pan, somos obrigados a crescer; paixões têm prazo de validade, tal como os objectivos. E por muito que passe de bolha em bolha, naquele período em que estou "entre bolhas" torna-se algo complicado manter um rumo.

Daí que tenha começado a pensar que a melhor alternativa é mesmo construir paredes. Fortes, não espécie cabana de palha dos Três Porquinhos. Paredes, ao menos, iriam resistir a muito mais, por muito mais tempo. Protegem mais do que meras bolhas de sabão. E, caso se justifique com argumentos logicamente válidos, existe sempre a possibilidade de se construir uma porta de passagem, ou, pelo menos, uma pequena janela.



[ i don't wanna fall another moment into your gravity. ]
Lorelai
Música: "Gaivota", Amália Hoje


Num momento muito pouco gracioso da minha parte, vinha eu furiosa no metro, após inútil entrevista de emprego, quando deparo com um grupo de jovens, pouco mais novos do que eu, de caras pintadas e demasiado chegados numa das pontas da carruagem.

"PRÓXIMA ESTAÇÃO: RESTAURADORES!"

As praxes académicas. E o meu primeiro pensamento foi "que bela vida". E desejei poder voltar uns meses - quem sabe se não mesmo um ano - atrás. Há algo de muito mais descontraído na vida académica do que propriamente na perspectiva do mundo de trabalho. E a grande diferença que encontro não é mais senão uma vivência que se estabelece entre nós e os outros naquela altura, que talvez dificilmente voltemos a atingir noutra fase da nossa vida.

Talvez não seja simples. Não penso que, só por estarmos na escola ou na Faculdade, a nossa vida seja irremediavelmente mais simples e melhor. Só que, no meu caso, foi durante essa fase que melhor consegui entender a beleza das coisas simples. E sinto falta disso.

Ora, tendo tido estes pensamentos ao fim da manhã, chega a noite e leio o mais recente post da M.... e sorri. Não é a vida que, só por si, autorecreativamente, se torna complicada. Nós somos, em grande parte, sem qualquer questão, os responsáveis por a nossa vida ser tão complicada. Parece que, se não é, arranjamos uma forma de esta passar a sê-lo. Chega a ser exasperante. Mas continuamos a fazê-lo.

Eu cheguei ao meu limite de complicação. Expirou o saldo. A partir de agora, quero a minha vida a ser tão feliz quanto eu consigo sê-lo pelas coisas simples: são aquelas que mais valem a pena.

[ i've got myself together, now i'm ready to sing: i've been searchin' my soul tonight - i know there so much more to life. ]
Lorelai
Música: "Estate", Negramaro

Parece que agora é de vez: o Verão está definitivamente a gastar os últimos cartuchos. Para o ano há mais (talvez, que vida de mundo do trabalho e de estudante dá em ser meio imprevisível). Troca-se de estação e, porque não, de vida. Às vezes também é preciso.

Setembro é o mês de mudança, de inícios; pelo menos é isso que a M. me tem dito. Pois bem, que assim seja, até porque este Verão não foi daqueles mais espectaculares de sempre. Porém, cumpriu no que devia. Que mais se pode pedir?


. per quell'estate che vorrei potesse non finire mai.



[ come la realtà che incontra la mia fantasia. ]
Lorelai
Música: "Cool", Gwen Stefani

«Amor platônico, na acepção vulgar, é toda a relação afetuosa em que se abstrai o elemento sexual, idealizada, por elementos de gêneros diferentes - como num caso de amizade pura, entre duas pessoas.

Esta definição, contudo, difere da concepção mesma do amor ideal de Platão, da qual surgiu a atual idéia grosseira, o filósofo grego da Antigüidade, que concebera o Amor como algo essencialmente puro e desprovido de paixões, ao passo em que estas são essencialmente cegas, materiais, efêmeras e falsas. O Amor, no ideal platônico, não se fundamenta num interesse (mesmo o sexual), mas na virtude.»

in Wikipedia

No sentido puro e original do termo, falar de paixões platónicas é um completo absurdo. Porém, é igualmente ilógica a utilização mais comum que as pessoas dão à filosofia do "amor platónico": um amor inalcançável, impossível, usualmente carregado de uma tremenda atracção física, sendo a generalização mais comum apenas correcta no que toca à idealização do sentimento.

Porquê essa incorrecção? Não faço ideia e pouco importa para o caso. Aquilo de que quero falar veio de uma conversa com a M. e a L. ontem à noite. A L. estava a falar de uma "paixão platónica" recente, ao que eu e a M. reagimos com uma gargalhada.

"Que tem?", perguntou a L.

"Paixão platónica é um bocado difícil, oh L.", respondeu a M. "Quanto muito, seria amor platónico".

Só que, surpresa, o que a L. queria dizer não se referia, de todo, a um sentimento de amizade pura, sem qualquer tensão sexual. Antes pelo contrário.

O que, em certa medida, lança a questão: existe ou não amor platónico? Seremos capazes de nos relacionar com o sexo oposto numa base de amizade pura, sem qualquer outro interesse - sexual ou não? Existe este amor idealizado? Teria Platão razão quando afirmava que o Amor se deveria basear na virtude e não nesses precisos interesses de naturezas diversas?

Do meu ponto de vista, Amizade e Amor são dimensões distintas, mas que, na minha opinião, não podem existir uma sem a outra. São necessariamente codependentes. Para mim, Amor sem Amizade não é amor, mas sim mera paixão; e a Amizade conflui inevitavelmente para um certo nível de Amor - somente não do mesmo género de Amor a que me refiro anteriormente.

Paixão existe sem Amor e Amor pode existir sem Paixão: mas não o género de amor que usualmente definimos por essa palavra na Língua Portuguesa (sem acordo ortográfico, já agora). Quando uma pessoa é realmente importante na nossa vida, claro que a iremos amar; mas não quer dizer que a amemos daquela determinada maneira. Pode, sim, ser o tal amor platónico. Puro, ideal, incondicional. Sem outros interesses anexados.

No entanto, o Amor, aquele Amor, nunca poderá conviver com o platónico. Como poderia? Talvez também possa ter o seu Q de pureza e até ser incondicional; mas ideal? Duvido. Não porque não acredite no Amor, não porque pense que as relações amorosas têm todas um prazo de validade - porque, apesar de tudo, não acredito. Mas, muito simplesmente, seria desafiar as Leis da Física. É pedir demasiado que tanto ocupe um mesmo espaço.

Amor - aquele Amor - implica uma partilha demasiado profunda, demasiado pessoal. Claro que há interesses, claro que há divergências, claro que se procura alcançar um ideal - e talvez até seja possível alcançá-lo, mas implica trabalho. Empenho. Esforço. Não se estala e ele aparece perfeito. Não é dotado, por natureza, do ideal.

Talvez não seja apenas inerente às relações amorosas, mas a todas as relações humanas; mas, quando estas se aproximam do Amor, existe necessariamente um esforço em busca do ideal. Mesmo na amizade. Se amamos, esforçamo-nos pelo ideal. Haja ou não interesses de outra natureza implicados.


[ You could claim that anything's real if the only basis for believing in it is that nobody's ever proved that it doesn't exist. ]

Lorelai
Música: "I Write Sins Not Tragedies", Panic! At The Disco


Há pessoas que pensam que se podem safar com o que quer que seja. Eu estou a começar a sentir-me algo empenhada em mostrar-lhes que não é bem assim.


[ a sense of poise and rationality. ]
Lorelai
Música: "Searchin' My Soul", Vonda Shepard


«The funny thing I find about love is that it's the one game you lose without even playing it».
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Lorelai

Música: "My Love Is Your Love", Whitney Houston

Ontem fui à loja da Disney, no Colombo. Passei à porta e não resisti a entrar, porque (lamento se parecer ridícula) há qualquer coisa de mágico naquele ambiente. E eu estava a precisar de alguma magia.

E parece inacreditável, mas mal se entra é impossível não ficar imediatamente algo mais leve (pelo menos, falo por mim). O chão azul com pedacinhos brancos reluzentes, as letras na faixa electrónica da coluna central qual Times Square, as memórias de cada um dos desenhos animados que via repetidamente quando era criança, os peluches tão suaves ao toque, o meu pequeno mundo de fantasia. Sabe bem.

Mas melhor ainda soube ver um grupo de meia dúzia de catraios sentados no meio da loja, com as folhas e lápis de cor que lhes haviam dado, totalmente absorvidos nas suas criações de fantasia. Aposto que mal deram pela presença do empregado de loja que tinha ido buscar uma dúzia de balões para eles, com o ar mais feliz e mais infantil do mundo, mas que muito rapidamente compôs a sua postura de adulto profissional quando uma mãe lhe colocou uma questão sobre preços.
A conclusão a tirar disto, penso eu, é que, no fundo, no fundo, não passamos todos de crianças que sabem brincar aos grandes.


[ nos desenhos animados é raro chover e nunca, quase nunca acaba mal. ]
Lorelai
Música: "Gravity", Sara Bareilles


No meu placard de cortiça tenho espetada uma rosa seca. Na prateleira, junto ao rádio, um aviãozinho de papel. Dentro da carteira, anda sempre comigo a chave de um cacifo que há muito deixou de me pertencer (e cujo cadeado penso até já nem existir). Algures dentro de um dossier hei-de encontrar um desenho de umas quaisquer "ovelhas invertidas". Uma das minhas agendas em particular é um verdadeiro tesouro de frases perdidas no tempo. Até o meu carro me começa a parecer um monumento a memórias passadas.

São aqueles pedaços de pessoas que ficam connosco, cristalizados em objectos, em odores, em lugares, independentemente de se aqueles a quem nos fazem recordar continuam ou não na nossa vida. São autênticos "souvenirs" ou "recuerdos", mas não de locais e sim de seres humanos. Vão, por vezes, bem mais longe, recordando-nos cada detalhe de um momento ou até de um sentimento.

O que se faz com cada um destes lembretes é que verdadeiramente conta. Encontrarmos apenas um deles pode levar-nos da maior euforia à mais decadente melancolia ou vice-versa.

Tem-me acontecido isso, recorrentemente, com vários pedaços de alguém. Não que importe, mas era só para dizer.



[ every memory of looking out the back door, i have the photo album spread out on my bedroom floor. ]
Lorelai
Música: "You're Still You", Josh Groban


Por aquelas coisas que sempre conseguem fazer-nos sonhar.

( Como, por exemplo, o Josh Groban ter aquela voz magnífica e mesmo assim conseguir interpretar um dos totós mais adoráveis da História das séries televisivas. )






[ «Do you understand what I'm trying to tell you, Malcolm?»

«I think. You still believe in love.» ]