21
jun
Lorelai
Música: "Drive", The Cars


Está na altura de começar a mentalizar-me: acabei a licenciatura. Até escrever isto soa estranho e - não nego - chega a custar-me um bocadinho. Só um bocadinho...

Que raio é que eu agora vou fazer da minha vida é que eu não sei. Mas toda a gente parece saber onde vai com a sua vida. Só que eu, neste momento... não sei. Não sei mesmo, de todo, em nenhuma vertente da minha insignificante existência. E isso torna-se meio assustador (mas não tanto como me andarem a falar de casamento e de ser mãe).

The pressure's on. Sei que as pessoas mais próximas de mim estão claramente à espera que eu tome uma decisão sobre o que vou fazer. E, do fundo do coração... acreditem que não há ninguém que mais gostasse de vos poder dar uma resposta.


...



... mas não posso.
21
jun
Lorelai
Música: "Thinking Of You", Katy Perry

Véspera do teste de Direito e, por sinal, do Baile de Finalistas. Onze da noite. Conversa ao telemóvel com a L. - conversa algo estranha, refira-se. Do nada, totalmente vindo de parte alguma, ela vira-se e diz: "Cada vez tenho mais a certeza de que vais ser a primeira de nós a casar."

Silêncio deste lado da linha. De seguida, um qualquer som de agastamento e total incredulidade.

Do outro lado, a L. não desiste: "Juro-te. Hás-de encontrar alguém e vais mesmo ser a primeira a casar. Tenho a certeza".

Digam-me se não é isto que qualquer pessoa sã discute na véspera da última frequência na Universidade.

E o mais assustador de tudo é que, nem 24 horas depois, umas três pessoas, no dito baile de finalistas, em momentos totalmente diferentes, sem saberem do que os outros tinham dito, começam a falar do quão maternal sou ou estou e que mãe fantástica eu hei-de ser. E isto, lamento informar, sem qualquer ponta de ironia. Tal como a voz da L. na noite anterior, sem qualquer ironia e com o maior tom de certeza.

Expliquem-me. Digam-me que raio anda a passar por estas mentes. Porque eu não compreendo. E cada vez ando mais longe de perspectivas de casamento, portanto, peço apenas... expliquem-me.
12
jun
Lorelai
Música: "When We Are Together", Texas

Chamem-me ingénua, mas talvez eu ainda acredite em contos de fada. Pode ser um grande defeito e não nego que expectativas demasiado altas já me deixaram mal umas quantas vezes. Mas, sinceramente... não consigo deixar de acreditar.

Não será necessariamente em contos de fada; só tenho certas perspectivas de vida as quais não me entra na cabeça, de todo, que sejam impossíveis. Tal como a questão de duas pessoas "ficarem casadas e apaixonadas durante 30 anos". Ou que, "depois de se ter", o interesse se vai para parte incerta e não nos resta grande opção mais senão ser infeliz ou partir para outra.

Talvez eu seja uma idealista. Aliás, talvez, não: de certeza. Sou-o, das pontas do meu cabelo à unha do dedinho do pé. Mas, estupidamente ou não, acredito no amor e em todas essas boas sensações, e acredito que elas não sejam como o leite do dia, com prazo de validade. E não é que tenha os melhores exemplos à minha volta - antes pelo contrário - mas, bloody hell, that's just the way I'm wired.

Daqui a uns 30 anos, falamos... mas, por enquanto, é assim que me mantenho: ingénua, a pensar na casinha nos subúrbios com cerca branca, o golden retriever (ou o pastor alemão, aliás) aos meus pés, chávena de café quente na mão e o meu marido ao longo de 30 anos sentado ao meu lado. E sim, se estão a questionar-se, ele veio buscar-me no seu cavalo branco e trouxe no bolso do casaco o meu sapatinho de cristal.