Lorelai
Música: "Every Day Is A Winding Road", Sheryl Crow


Algumas das pessoas que mais me disseram na minha vida, já não fazem parte dela. É uma mera constatação. Pessoas de muitos e muitos anos atrás, outras nem tanto. Em algumas ainda penso recorrentemente, noutras tal só acontece se, por um daqueles acasos, sou relembrada da sua existência, passada ou presente.

Para além dessas pessoas que foram mesmo muito importantes, existem as outras. Aquelas que, sem terem tido uma passagem vital pela minha vida, fizeram parte do meu dia-a-dia durante um longo período de tempo. E habituamo-nos mutuamente àquela vivência quotidiana. E, sem sermos os melhores amigos que já pisaram o planeta, apreciamos a companhia um do outro, rimo-nos e passamos bons momentos juntos. Daqueles momentos do dia-a-dia, daqueles que, daqui a meia dúzia de anos, não nos recordaremos a menos que submetidos a forte hipnose ou profunda psicanálise.

O que não significa que não façam falta. Tanto umas como as outras. As verdadeiramente especiais e aquelas não tão marcantes, mas que ficaram. Por vezes, dá saudades. Por outras, não me posso impedir de achar hilariante - e, não nego, até um pouco injusto - que outras pessoas da minha vida, aquelas que marcaram pelas piores razões, venham depois, por curvas e contra-curvas da vida, a fazer parte da vida daquelas pessoas, as verdadeiramente especiais e as não tão marcantes, mas que ficaram. Um pouco como se alguém que me é querido, por quem tenho um carinho especial, esteja agora à mercê de, mais cedo ou mais tarde, ser magoado por quem já me magoou. Ainda por cima, quando esse alguém tem o privilégio, indubitavelmente sem se aperceber, de estar com pessoas com o condão de serem verdadeiramente especiais ou não tão marcantes, mas que ficam.



[ tomorrow you'll be thinking to yourself "where did it all go wrong?" - but the list goes on and on and on.. ]
1 Response
  1. Marta Says:

    És tão explícita!