Música: "Neighborhood", Vonda ShepardUm bocado por acidente, apanhei-me numa dessas redes sociais (verdadeiros «must-haves» para quem quer ter uma vida - ou assim o querem dar a entender), a ver o perfil de amigos que já sairam da minha vida há muitos, muitos Natais. Talvez até nem tenham passado assim tantos anos, mas a sensação que se acaba por ter é, inevitavelmente, de que passou uma eternidade desde aqueles momentos (alguns captados em fotografias hilariantes, com direito a sorrisos gigantescos e muita, muita parvoíce).
É aquele género de situação que, no fundo, qualquer pessoa pensa nunca vir a atravessar - pelo menos não durante os momentos que as tais fotos captaram. Mas acontece. Sem se saber muito bem porquê - ou sabendo-se até bem demais - pessoas que, aparentemente, nunca, jamais sairiam da nossa vida, tornam-se, afinal, completos desconhecidos. Por vezes até surge a situação estranha e desconfortável de encontrar uma dessas pessoas por mero acaso, no meio da rua, e, das duas, uma: ou se "faz-que-não-se-viu", ou trocam-se meia dúzia de palavras completamente desprovidas de qualquer sentimento ou real preocupação (sentimento? Preocupação? Nem é preciso ir tão longe).
Cordialidade, no lugar do que foi, em tempos idos, uma fotografia hilariante, com direito a sorrisos gigantescos e muita, muita parvoíce. Nem dá para perceber muito bem porquê; mudamos nós, muda a gente à nossa volta, muda tudo com o tempo. Sem dar para perceber muito bem porquê.
Continua a ser todo um conceito que me faz muita confusão, independentemende do número de vezes que já senti todo este processo na pele. E, às vezes, vividos anos e anos após a última vez que se trocou a última palavra com algumas pessoas, alguém se apanha, um bocado por acidente, a desejar que não tivessem sido as últimas.
[ time changes everything, one truth always stays the same: you're still you. ]
Será que existe mais uma pessoa para juntar as nossas listas de gente com-sorrisos-gigantes-nas-fotos-mas-que-agora-não-nos-diz-nada?