Música: "Gaivota", Amália Hoje
Num momento muito pouco gracioso da minha parte, vinha eu furiosa no metro, após inútil entrevista de emprego, quando deparo com um grupo de jovens, pouco mais novos do que eu, de caras pintadas e demasiado chegados numa das pontas da carruagem.
"PRÓXIMA ESTAÇÃO: RESTAURADORES!"
As praxes académicas. E o meu primeiro pensamento foi "que bela vida". E desejei poder voltar uns meses - quem sabe se não mesmo um ano - atrás. Há algo de muito mais descontraído na vida académica do que propriamente na perspectiva do mundo de trabalho. E a grande diferença que encontro não é mais senão uma vivência que se estabelece entre nós e os outros naquela altura, que talvez dificilmente voltemos a atingir noutra fase da nossa vida.
Talvez não seja simples. Não penso que, só por estarmos na escola ou na Faculdade, a nossa vida seja irremediavelmente mais simples e melhor. Só que, no meu caso, foi durante essa fase que melhor consegui entender a beleza das coisas simples. E sinto falta disso.
Ora, tendo tido estes pensamentos ao fim da manhã, chega a noite e leio o mais recente post da M.... e sorri. Não é a vida que, só por si, autorecreativamente, se torna complicada. Nós somos, em grande parte, sem qualquer questão, os responsáveis por a nossa vida ser tão complicada. Parece que, se não é, arranjamos uma forma de esta passar a sê-lo. Chega a ser exasperante. Mas continuamos a fazê-lo.
Eu cheguei ao meu limite de complicação. Expirou o saldo. A partir de agora, quero a minha vida a ser tão feliz quanto eu consigo sê-lo pelas coisas simples: são aquelas que mais valem a pena.
[ i've got myself together, now i'm ready to sing: i've been searchin' my soul tonight - i know there so much more to life. ]