Música: "Build That Wall", Aimee Mann
Talvez não seja a melhor opção; mas criar um mundo próprio na nossa mente e viver constantemente nele sempre nos poderá poupar alguns dissabores.
É como se fosse uma bolha que nos protege do exterior; não se trata necessariamente de ignorar o que se passa em redor, mas sim de encarar isso sob outra perspectiva. E sabe bastante bem.
Eu costumo ir vivendo em bolhas, sempre o fiz, desde que me lembro de ser gente. Iam sendo bolhas diferentes e tomaram todas as formas e feitios que se possam imaginar. Eram ilusões de criança, eram paixonetas de adolescente, eram objectivos quase impossíveis de alcançar. As minhas bolhas que me distraíam do resto e me iam mantendo a salvo.
Até que rebentavam. E aí comecei a aperceber-me que qualquer uma dessas bolhas era falível: por maior Síndrome de Peter Pan, somos obrigados a crescer; paixões têm prazo de validade, tal como os objectivos. E por muito que passe de bolha em bolha, naquele período em que estou "entre bolhas" torna-se algo complicado manter um rumo.
Daí que tenha começado a pensar que a melhor alternativa é mesmo construir paredes. Fortes, não espécie cabana de palha dos Três Porquinhos. Paredes, ao menos, iriam resistir a muito mais, por muito mais tempo. Protegem mais do que meras bolhas de sabão. E, caso se justifique com argumentos logicamente válidos, existe sempre a possibilidade de se construir uma porta de passagem, ou, pelo menos, uma pequena janela.
[ i don't wanna fall another moment into your gravity. ]
voto na porta de passagem, mas antes dela no lobo mau. um que mande e parede abaixo, mesmo que seja de tijolos.
não é o sindrome de peter pan que a maioria do qual a maioria de nós sofre, mas o de princesa presa na torre de um castelo.
estamos todas a aguardar um principe. mas e se ele não vem? quanto tempo mais vamos querer ficar a olhar para as mesmas paredes limitativas, só porque ele nao apareceu?
fora delas há mais sapos e espécies imperfeitas. fora delas há mais possibilidades de sermos estupidamente felizes, com alguém com quem nunca poderia dar certo. e que não se parece, DE TODO, com um principe