Lorelai
Música: "Gravity", Sara Bareilles


No meu placard de cortiça tenho espetada uma rosa seca. Na prateleira, junto ao rádio, um aviãozinho de papel. Dentro da carteira, anda sempre comigo a chave de um cacifo que há muito deixou de me pertencer (e cujo cadeado penso até já nem existir). Algures dentro de um dossier hei-de encontrar um desenho de umas quaisquer "ovelhas invertidas". Uma das minhas agendas em particular é um verdadeiro tesouro de frases perdidas no tempo. Até o meu carro me começa a parecer um monumento a memórias passadas.

São aqueles pedaços de pessoas que ficam connosco, cristalizados em objectos, em odores, em lugares, independentemente de se aqueles a quem nos fazem recordar continuam ou não na nossa vida. São autênticos "souvenirs" ou "recuerdos", mas não de locais e sim de seres humanos. Vão, por vezes, bem mais longe, recordando-nos cada detalhe de um momento ou até de um sentimento.

O que se faz com cada um destes lembretes é que verdadeiramente conta. Encontrarmos apenas um deles pode levar-nos da maior euforia à mais decadente melancolia ou vice-versa.

Tem-me acontecido isso, recorrentemente, com vários pedaços de alguém. Não que importe, mas era só para dizer.



[ every memory of looking out the back door, i have the photo album spread out on my bedroom floor. ]