Música: "If You Give Up", Hands On Approach
Não demorei muito a perceber que tudo o que escrevi aqui – tal como quase tudo que tenho escrito no último ano e meio – é sobre ti. E começa a passar até os limites do ilógico e do irracional eu pensar em ti a cada minuto do dia – quando tu não gastas um milésimo de segundo da tua existência a pensar em mim.
Decidi que precisava de um processo de desintoxicação. Por motivos que me ultrapassam, nem vou poder falar contigo por uns dias – e isso nem sequer te pareceu preocupar muito… ou de todo. Daí que seja tudo bem mais fácil, ainda que letargicamente difícil. Quero tirar-te de mim, sabendo que nunca em mim estiveste; pareces não querer sair, embora não faças a menor ideia disso.
Parece-me que durante todo este tempo tentei cegar-me – porque precisava de estar cega. Naquelas alturas mais complicadas, agarrava-me ao menor carinho possível que tu, mesmo sem te aperceberes, acabavas por me dar; quando me sentia a odiar o mundo, a detestar todo e qualquer ser humano, quando amaldiçoava o raio da cidade em que vivemos… tu aparecias e negavas todo esse rancor, cortando-o pela raiz – sem disso te aperceberes – simplesmente porque eras tu, sem artifícios nem artimanhas, simplesmente…
Tu. Sempre foste simplesmente tu. Nunca fizeste nada para eu sentir o que sinto por ti – nunca pediste esse tipo de atenção, nunca o procuraste. Não sei porque me apaixonei por ti – nem sei se esse é o termo correcto. Acho que sempre soube que tu nunca sentirias nada igual por mim – mas alimentei essa esperança, nem sei com o quê, apenas porque precisava. Eras o porto seguro, o meu refúgio, a minha esperança. A minha segurança.
Já disse milhares de vezes: posso estar redondamente enganada, mas contigo consegui sentir que tinha encontrado «o tal». Quantas vezes pode uma pessoa sentir isto? Acontece sempre que nos apaixonamos? Ou só uma vez e essa pessoa é aquela com quem deveríamos estar o resto da nossa vida?
Não sei. Nem sei sequer se voltarei a estar contigo ou se alguma vez mais saberei de ti. Não nego que me apetece acreditar que um dia, indo na rua, acabo por esbarrar contigo; ou que num acto de maluqueira até poderias aparecer à minha porta ou simplesmente telefonar-me. Sim: dentro de toda a tua complexidade que, até onde deixaste, eu conheci muito bem… és simples. E talvez seja isso que me fascina em ti. Contigo era tudo tão simples, tão natural. E sinto saudades disso, de ti. Do teu sorriso, do teu cheiro. Mas cheguei à estação terminal da doce ignorância em que eu própria entrei: continuar a sonhar contigo a cada noite, manter-te na minha vida quando sei – ou julgo saber – que tu nem sequer fazes muita questão de estar nela… parece-me inútil e uma fonte absolutamente dispensável de tormento.
É uma fase de desintoxicação. No que me diz respeito, quero-te longe de mim - sem sequer tu te aperceberes. Não porque o deseje, mas porque preciso disso. Quero lembrar-me de ti como algo quase perfeito – não como uma parvoíce demasiado longa sem qualquer tipo de razão ou explicação.
Nunca consegui afastar-me por completo de ti. Talvez seja agora, de vez... sem disso me aperceber.
Revejo-me nisto que escreveste, também estpu a tentar exorcisar o que já me anda a tirar mais energia do que a que me deu. O mais dificil é quando temos de deitar por terra o castelo que nós criámos e onde colocámos o nosso principe sem ele saber... Dificil é torná-lo mais humano, mas isso retiraria tanto brilho à nossa vida... Torna-la-ia tão cinzenta...
Beijinhos e continua
Dora
É bem verdade, Dora...
Sei ke tirou mt brilho à minha vida tentar tirar akele principe do castelo, como tao bem disseste... Mas tambem resultou noutras cores, mais vivas e mais reais...
Ha que saber viver com o que temos, com o real... e sermos felizes assim. Mas se n sonharmos um bocadinho... que será feito de nos?? ;)
Um beijinho grande e obrigada!